Um assunto que ficou adormecido por vários anos, está despertando e gerando preocupação à população e lideranças de Ermo. A questão das divisas do município, principalmente com Sombrio, vem mobilizando a Câmara de Vereadores e a administração municipal.
O vereador Fabiano Bristot lista os casos em que pode haver desencontro de interesses, como a comunidade de Vista Alegre, localizada entre Sombrio e Ermo, Linha Simão e Água Branca, no limite com Jacinto Machado. Segundo ele, no total, são cerca de 60 famílias que vivem nas áreas limítrofes e podem ser afetadas caso as divisas tenham que seguir uma demarcação que, de acordo com os ermenses, não corresponde à realidade. “A Vista Alegre sempre pertenceu ao Turvo, e depois da emancipação, a Ermo”, garante Fabiano. O morador Alcione Cardoso Pedro concorda. Ele tem 32 anos, foi residir na Vista Alegre aos dez, e lá está até hoje. Alcione afirma que a escola que frequentou na infância pertencia a Turvo, e agora o território é administrado por Ermo. “Tenho certeza que se for pra mudar e passar a ser de Sombrio, ninguém vai querer”, acredita o rapaz.
Outro vereador, Lorival de Vargas Machado diz que todos os serviços nestas localidades são oferecidos por Ermo ou Turvo. “É a Cersul que entrega as faturas de energia elétrica, por exemplo”.
Durante uma audiência pública sobre o Censo Agropecuário realizada em Sombrio, o prefeito de Ermo Aldoir Cadorin, o Zica, pediu ajuda para resolver o que classificou de “problema sério” para o seu município. Ele lembrou que já havia enfrentado um impasse com Araranguá, no limite da comunidade de Soares. Segundo disse, a resolução neste caso foi simples, pois a cidade vizinha teria se apossado de uma área que pertence a Ermo, e a solução foi acordada em 2014.
De acordo com Zica, os trechos de terra que hoje começam a ser reivindicados por Sombrio, sempre pertenceram a Turvo, e seriam, portanto, de Ermo depois da emancipação administrativa. A mudança teria ocorrido em 1993, quando uma lei estadual determinou novos marcos e estes territórios saíram do mapa ermense. “Mesmo assim, o assunto nunca foi devidamente esclarecido e a população continuou sentindo-se parte de Ermo”, diz o prefeito.
O caso agora está ganhando grande proporção porque além de Sombrio começar a falar na adesão dessas áreas, tendo à frente desse movimento o presidente da Câmara Nego Gomes, Zica está se vendo impedido legalmente de investir nas localidades que não são consideradas do município. “Vamos continuar atendendo e fazendo a manutenção dos serviços nestes locais, mas não podemos investir. Não é que queremos tirar um pedaço de Sombrio, tudo isso já era nosso”, enfatizou em sua explanação.
Em busca de mudança nos marcos de divisa, o prefeito já esteve na sede do IBGE em Brasília, e nos próximos dias vai novamente ao órgão, desta vez em Florianópolis. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística é o responsável por determinar as coordenadas que definem os limites do território brasileiro.
Outro lado
Durante a audiência pública em que o tema veio à baila, o prefeito de Sombrio Zênio Cardoso, foi cauteloso ao falar, elogiou o colega Aldoir Cadorin pelo atendimento à população das áreas de divisa e não se estendeu sobre a polêmica.
O assunto foi abordado também pelo vereador sombriense José Eraldo Soares, o Peri. “Precisamos que esta questão seja definida, pois tem agricultor aqui na Boa Esperança, que fica na divisa e não é atendido nem por Sombrio nem por Santa Rosa do Sul”, cobrou.
O presidente do legislativo Nego Gomes tem sido o mais enfático em afirmar que Sombrio precisa “retomar” sua área. Um dos seus argumentos é que assim o município ultrapassará os 30 mil habitantes, o que resultaria em maior repasse de recursos dos governos federal e estadual. Segundo Nego, Sombrio tem terras a serem reanexadas em todos seus limites: “Ali na Boa Esperança, divisa com Santa Rosa, tem umas 20 famílias que são nossas. No Lageado também tem, na Perdida, no Cotovelo, que era sombriense e hoje é considerado de Jacinto Machado. Temos que recuperar áreas ainda na Vista Alegre e no Campo d’água”, enumera.
O coordenador do Censo Agropecuário Sandriane Naspoline Oliveira, já disse que neste momento a questão dos limites não será tratada.
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