Um amor pra vida toda

ERMO (12/06/12) – Carinho, compreensão, fidelidade e respeito. Estes são os ingredientes para a receita de uma união que perdura há mais de quatro décadas. Eles já comemoraram Bodas de Cristal e de Prata, e estão nos preparativos para daqui três anos, comemorarem as Bodas de Corais. Dona Maria Vanilda e seu Osni Frezza são exemplos de vida. Juntos, construíram uma família baseada no amor verdadeiro. Em 42 anos de matrimônio, tiveram três filhos: Boanerges, Boris e Bárbara.

Aos 12 anos de idade, segundo dona Vanilda, nascia o carinho por aquele rapaz jovem, de cabelos e olhos claros. Quando ele passava em frente a sua casa, o coração batia mais forte. Os dois moravam na mesma comunidade, em Vista Alegre, onde residem até hoje, porém, em outras propriedades. Dona Vanilda era de família conhecida e bem vista. Já seu Osni era de família mais humilde. Na época, os pais de dona Vanilda repreendiam o namoro. Ela ainda era uma menina. E tudo entre os dois não passava apenas de uma simples paquera de adolescente. Mas o tempo foi passando, e o carinho acabou tornando-se um amor de verdade. Com 15 anos ela decidiu encarar a família e aceitou o pedido de namoro. "Mesmo sabendo que ele era bem namorador, não desisti dele. Sentia que um dia ele ia ser meu pra sempre", conta ela aos risos.

Seu Osni era o galanteador das redondezas. Uma namorada aqui, outra lá. Não queria Nada tão sério. Era ainda muito jovem, conta ele. "Eu sabia que ela gostava de mim, mas a família proibia o namoro, e eu também gostava de namorar, mas mesmo assim ela insistiu. Acho que era pra ela ser minha mesmo", relembra emocionado.

Depois de seis anos eles decidiram se casar. Ela aos 21, e ele com 25 anos. Os primeiros meses moraram perto dos pais de dona Vanilda, num pequeno terreno que haviam ganhado para iniciarem a vida. Com o suor de cada dia, eles começaram a construir o próprio patrimônio. Compraram uma outra propriedade, um pouco distante da casa dos pais dela, e construíram a casa. Tudo baseado na simplicidade, mas com muita dignidade. Os dois encaravam o sol até o anoitecer. As roças de milho e fumo eram de onde tiravam o sustento. Em casa, o carinho prevalecia. E assim chegaram aos 42 anos de matrimonio.

 

Passado, presente e futuro

Os dois moram na mesma casa que construíram recém-casados, na companhia de um dos filhos. O mais velho casou e os abençoou com uma neta, a qual é muito amada pelos avôs, e a filha caçula reside em Florianópolis. Hoje, o amor que se concretizou no dia 6 de junho de 1970 está cada vez mais forte. O carinho um pelo outro fica fácil perceber quando os olhares se cruzam e as mãos se entrelaçam. É fácil se emocionar ao conhecer uma história assim, tão verdadeira e tão cheia de encantos. Seu Osni sofreu durante dezoito anos com depressão. Sua fortaleza foi dona Vanilda, que sempre se dedicou ao marido e o ajudou a vencer a doença. Todos os momentos vividos; desde os primeiros, quando dona Vanilda suspirava fundo ao ver o galego dos olhos azuis passar em frente sua casa, são comemorados pelo casal. "É tudo tão verdadeiro. Nossos hábitos continuam. Ao meio dia, nós dois tiramos a soneca juntos, sempre estamos um na companhia do outro, e assim vai ser até o fim de nossas vidas", diz ela. Para seu Osni, a maior prova de amor foi durante os anos de sofrimento, deitado na cama ou no sofá, rodeado pelos remédios. "Ela sempre me levantou. Me tratou com tanto carinho. Isso que eu não queria namorar ela heim. Queria me divertir. Mas hoje, tudo que eu tenho eu devo a ela", enfatiza aos risos. Ao falar do Dia dos Namorados, a emoção toma conta, e claro, o beijo apaixonado para comemorar a data. "Nós seremos eternos namorados", diz os dois. Para seu Osni, de tantas alegrias em 42 anos de casados, o uma delas foi ver a esposa conquistar o título regional de princesa da Terceira da Idade. Eles participam do grupo de Idosos de Ermo, e entre os amigos, são exemplos de luta e união.

 

Rugas de Amor

Em 2010, eles comemoram Bodas de Rubi, 40 anos de matrimônio. Depois da festa, veio o álbum, cheio de fotografias. Um dia, quando os dois estavam relembrando a festa, seu Osni quis fazer uma pequena brincadeira com a esposa, e disse: "Nossa, quantas rugas nesse rosto". Dona Vanilda não achou ruim a expressão do marido, mas pensou: "Ele vai ter o troco". Criativa e cheias de verso, um dia ela estava na roça colhendo milho e decidiu criar uma música para quando chegasse em casa, servisse de resposta ao marido. O nome é Rugas de Amor, e a letra é assim….

"As rugas que trago em meu rosto, são os anos contigo vividos, e aquelas que não aparecem toda vez que eu fiz amor contigo. Estas rugas pra mim representam, todas tem um significado, o presente e o meu futuro, e recorda também meu passado. E ainda lasco a memória, todos os dias que estive ao seu lado".